O vôlei de praia apareceu na vida de Alison a partir de uma inspiração. Mas, antes de entender o que despertou seu interesse pela modalidade, é preciso voltar alguns anos, na casa da família Cerutti, em Cachoeiro do Itapemirim, cidade que fica a cerca de 150 km de Vitória (Espírito Santo). Na ‘Terra de Roberto Carlos’, nasceu Alison, filho de Nicéa e Abílio, um garoto cheio de sonhos – queria ser jogador de futebol -, que passava os dias na rua, brincando de bola e que tinha Ayrton Senna como um dos ídolos. Aos 11 anos, a mudança para a capital mudou a rotina da família, mas Alison manteve alguns hábitos, entre eles, o futebol… só que, agora, isso era dentro de um apartamento.
Uma coleção de objetos quebrados levou a mãe ao desespero e a alternativa foi buscar uma escolinha de esportes, onde o menino pudesse ‘gastar’ sua sua energia e manter a casa ‘inteira’. Mas não havia mais vagas no futebol e Nicéa acabou inscrevendo o filho no vôlei. Problema resolvido? Nada! Alison não queria ouvir falar de vôlei. De pirraça, ficou uma semana sem falar com a mãe…
A bola saiu dos pés, foi parar nas mãos e nasceu ali uma paixão. Alison ‘esticou’ e acabou se encontrando nas quadras, tomando gosto, ganhando espaço e destaque no cenário capixaba. A ‘carreira’ começou em 2001, no Álvares Cabral, tradicional clube de Vitória, e, no ano seguinte, foi convocado para a Seleção Brasileira infanto-juvenil.
Ao mesmo tempo em que jogava na quadra, ajudava nos treinos de Loiola e Fábio Luiz, na praia de Camburi. Estava perto de referências do vôlei de praia, recolhia as bolas durante os treinamentos e tentava se acostumar com a areia. Era lento, ‘pesadão’, e logo ganhou o apelido de ‘Mamute’, dado por amigos em alusão ao protagonista do filme ‘A Era do Gelo’. Em 2004, após assistir à final das Olimpíadas de Atenas, a vida mudou de vez: Ricardo e Emanuel conquistaram a medalha de ouro para o Brasil e o destino do ‘Mamute’ estava traçado. Inspiração.
Em 2005 começou a disputar alguns torneios ao lado do conterrâneo Vinícius. No ano seguinte, ao lado de Bruno Schmidt, foi eleito a ‘Revelação’ do Circuito Brasileiro, sua ‘primeira conquista’ na praia. Nos anos seguintes, atuou ao lado de Bernardo e foi com o experiente Harley que alcançou degraus importantes em sua evolução, vendo a carreira decolar, chegando ao vice-campeonato do Campeonato Mundial, em 2009. Em 2010, começou a mirar voos mais altos.
O convite de Emanuel, ouro olímpico em 2004 e bronze em Pequim-2008, a ‘inspiração’ do início na praia, veio para realizar um sonho e abrir portas. Juntos, Alison e Emanuel mostraram uma fina sintonia e conquistaram todos os principais títulos da modalidade (Copa do Mundo, Circuito Mundial, World Tour Finais, Circuito Brasileiro e o ouro nos Jogos Pan-Americanos), chegando ao pódio olímpico em Londres-2012 com a medalha de prata.
A parceria terminou em 2013 e o novo companheiro, na caminhada rumo aos Jogos Rio-2016, tinha nome e sobrenome: Bruno Schmidt, o mesmo com quem havia jogado no início da carreira. E o técnico era o mesmo Leandro ‘Brachola’, de 2006.
A parceria terminou em 2013 e o novo companheiro, na caminhada rumo aos Jogos Rio-2016, tinha nome e sobrenome: Bruno Schmidt, o mesmo com quem havia jogado no início da carreira. E o técnico era o mesmo Leandro ‘Brachola’, de 2006.
O céu era o limite. Alison estava voando. Colocou na estante todos os principais títulos da modalidade entre 2013 e 2018 (Copa do Mundo, Circuito Mundial, Circuito Brasileiro, World Cup Tour, ‘Super Praia’, ‘Rei da Praia’ e o ouro nos Jogos Sul-Americanos), com destaque para aquele que foi o ‘mais especial’ até hoje: o ouro olímpico, na arena montada na praia de Copacabana, no triunfo sobre os italianos diante de familiares, amigos e milhares de brasileiros.
Depois de pouco mais de quatro anos, no início de 2018, Alison e Bruno resolveram buscar novos caminhos e o ‘Mamute’ anunciou o capixaba André, seu antigo ‘sparring’, como novo parceiro. Não deu muito certo. Poucos meses depois, a dupla foi desfeita. E foi aí que a ‘inspiração’ de 2004 reapareceu.
RIO DE JANEIRO 18/08/2016 – VOLEI DE PRAIA- ARENA DE COPACABANA – A dupla brasileira Alisson e Bruno vencem os italianos e conquistam a medalha de ouro.
Sem parceiro, Alison recebeu uma ligação de Ricardo, dono de três medalhas olímpicas, que parecia um carimbo no passaporte para Tóquio-2020. O experiente baiano estava abrindo mão de sua parceria com Álvaro Filho para que o capixaba se juntasse ao jovem paraibano na luta pela vaga na corrida olímpica para o Japão. Da 46ª posição no ranking mundial em maio, Alison e Álvaro chegaram ao terceiro lugar geral em setembro, carimbando a melhor posição de um time brasileiro no Circuito Mundial 2019 e confirmando a classificação para as Olimpíadas.
Com o adiamento dos Jogos para 2021 em função da pandemia da COVID-19, a dupla ganhou mais um tempo para se preparar da melhor maneira para brigar por uma medalha nas areias de Shinagawa. A inspiração vinha de um ouro conquistado no ‘Coliseu’ da Rio-2016, nas areias de Copacabana. O ‘Mamute’ chegou como campeão à Ásia, sabendo bem o que precisava ser feito para lutar por um lugar no pódio em Tóquio.
Alison e Álvaro Filho chegaram ao Japão para lutar por uma medalha, medalha esta que escapou, por pouco, na derrota para os letões Plavins / Tocs, com a dupla terminando na quinta posição no torneio masculino, a melhor colocação de um time brasileiro nas Olimpíadas.
Depois de Tóquio, Alison disputou algumas etapas com o jovem Guto Carvalhaes até a decisão de retomar a parceria com Alvinho, que se estendeu até o fim da temporada 2022.
Em 2023, Alison resolveu não participar da corrida olímpica e se mudou com a família para uma temporada em Los Angeles, nos Estados Unidos para jogar a AVP, a liga de Vôlei de Praia americana, com uma única ambição – ser campeão da AVP o único título que ainda falta em seu currículo. Disputou 7 etapas com seu parceiro Billy Allen e conseguiu 3 pódios e um título na etapa de Denver no Colorado.
No final de 2023, Alison voltou para o Brasil e formou uma parceria com o jovem Igor para participar em algumas etapas do Circuito Brasileiro. (inserir foto)
A ambição do Alison de ser campeão da AVP ainda não acabou, ele está de volta aos Estados Unidos pra participar das etapas da AVP agora com um novo parceiro, Evan Cory. Essa nova dupla já disputou 3 torneios e se consagraram Campeões nas Etapas de Denver e Waupaca e ficaram em 5o lugar na etapa de Huntington Beach. (inserir foto)
Durante as Olímpiadas de Paris, Alison se junta ao time de gigantes da Cazé TV para ser comentarista dos jogos de Vôlei de Praia.
Após essa parada, Alison volta aos Estados Unidos para terminar a temporada de 2024 na famosa etapa de Manhattan Beach, na California seguida por uma etapa em Chicago e logo após a AVP League.
Nas horas livres, o ‘Mamute’ gosta de jogar videogame, ouvir música, assistir filmes, brincar com os cachorros e de churrasco com os amigos, além de ter uma paixão por carros antigos. Pelo corpo, tatuagens que chamam atenção a ajudam a entender um pouco a trajetória de Alison. Pelo corpo, um enorme mamute sobre as costelas, as datas das medalhas olímpicas em algarismos romanos, e uma frase que o acompanha no dia a dia: ‘dias de luta, dias de glória’. Inspiração.
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